Editorial

Desde a sua criação em 2000 que os Arquitectos Sem Fronteiras – Portugal (ASFP) têm vindo a fortalecer o seu papel no panorama da arquitectura nacional.

Fomos membros fundadores da Architecture Sans Frontières – Internacional (ASF-Int), entidade que congrega outras organizações de ideais comuns. O compromisso com esta plataforma, concretizado com a assinatura da Carta Hasselt, enfatiza a responsabilidade social e ética do arquitecto, focado na promoção da inclusão urbana e no trabalho com comunidades desfavorecidas.

Mantemos activo o nosso envolvimento com a ASF-Int e no último ano estivemos presentes no Nepal por duas ocasiões, aquando da Assembleia Geral e posteriormente no âmbito do acompanhamento das acções planeadas, para as intervenções pós-terremoto nesse país.

Continuamos a crer na importância do voluntariado, como meio para colocar a arquitectura ao alcance de quem não tem recursos. Promovendo assim a partilha de conhecimento, com o envolvimento das comunidades para a valorização das suas tradições sociais e construtivas.

Focamo-nos na defesa dos direitos fundamentais das pessoas, como o de uma habitação condigna, na melhoria de infra-estruturas básicas e fomentando através da arquitectura o desenvolvimento de factores económicos, que permitam às pessoas melhorar as suas condições de vida.

Neste ano a aposta na formação é para continuar.

Pretendemos incentivar novas abordagens para o ensino da arquitectura. Em 2013, na Assembleia Geral da ASF-Int organizada pela ASFP, na Faculdade de Arquitectura do Porto, sob o título de “The Teaching of Architecture in the Develepment Process”, foram abordados temas e discutidas estratégias para o papel das escolas de arquitectura e da arquitectura, num mundo em mudança.

No primeiro semestre deste ano realizou-se a 2ºedição da pós-graduação Territórios Colaborativos, Processos, Projecto, Intervenção e Empreendedorismo, no ISCTE – Instituto Universitário de Lisboa, sendo a ASFP em conjunto com essa instituição de ensino e a Câmara de Lisboa, os promotores desta formação académica. Damos assim o nosso contributo para a importante capacitação de profissionais, em áreas pouco abordadas no ensino actual da arquitectura, como a Resiliência Urbana, Técnicas Participativas, Habitabilidade básica e Design Comunitário.

Queremos continuar também a promover sistemas e técnicas de construção sustentável, como materiais locais e ecológicos. Neste âmbito, desenvolvemos desde há vários anos, um grupo de investigação sobre as potencialidades do bambú e sua aplicação construtiva e recentemente sobre a terra e cortiça. Esta capacitação permite-nos projectar de maneira culturalmente enquadrada na tradição construtiva de cada lugar e apropriada às comunidades onde viermos a intervir.

Além dos aspectos sustentáveis que devemos incorporar na arquitectura, esperam-nos desafios na resposta para um mundo cada vez mais desigual. A proliferação de conflitos regionais e actual êxodo de refugiados, vem por à prova a capacidade dos governos e das instituições, bem como de todos os profissionais envolvidos e em particular os arquitectos, considerando que serão também eles parte importante da equação. Esta é uma oportunidade para que sejam estudadas novas soluções, rápidas e eficazes ao problema do refúgio e posteriormente da habitação.

Foi nesse sentido que juntamente com diversas instituições da sociedade civil, a ASFP formalizaram a adesão à Plataforma de Apoio aos Refugiados (PAR), manifestando o seu compromisso com os objectivos da PAR.

Mudámos também de “casa”. A sede da ASFP passou a estar na Travessa do Carvalho 23 em Lisboa, na Ordem dos Arquitectos, resultado da cooperação existente entre instituições.

 

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